domingo, 4 de dezembro de 2016

Monalisa


   Monalisa no meu entendimento como filósofo é muito mais do que um "Auto-Retrato" de Da Vinci, mas uma tentativa de plasmar a perfeição, não somente física, mas sentimental e essencial, demonstrado nas expressões da figura.

Da Vinci como adepto do Renascimento, queria encontrar as Leis naturais do Universo, mas essas, expressas com a mesma naturalidade de uma mulher perfeita, do "Feminino em si" no sentido clássico do termo, onde a figura de  uma mulher plena que não s aperceba de sua condição. Da Vinci quer tentar plasmar o que sente pela ideia mais elevada possível da categoria do feminino não tão somente pelas formas mas pela essência de uma mulher. E de um olhar sereno e pacifico descansando em sua própria plenitude enquanto ser humano. 

Talvez seja difícil para nós compreendermos a arte daquela época onde estamos acostumados a prisão a felicidade a qualquer custo dos dias de hoje, e até da incapacidade de interpretar o Neo Clássico por parte dos interpretes de hoje muito aderidos as escolas "contemporâneas" de filosofia e arte.

O Assassinato de Cristo

(Texto de Alexandre Savador)

O Assassinato de Cristo


A psicologia é uma ciência muito rica para que fique limitada somente aos consultórios particulares. Na verdade, seu campo de conhecimento pode ser aplicado a qualquer segmento que tenha o ser humano como agente: hospitais, escolas, prisões, todo tipo de empresa, trânsito, serviço militar, área jurídica, esportes, sindicatos e associações, clínicas das mais diversas especialidades etc. A lista é interminável, porém, a área que mais me chama a atenção depois da clínica é a psicologia social, pois ela nos leva à reflexão das relações entre os membros do grupo social ao qual estamos inseridos, suas raízes históricas e o tipo de pensamento cultural que foi construído ao longo do tempo. Podemos dizer ainda que a psicologia social se envolve também com a sociologia e a antropologia com o intuito de compreender o homem no seu contexto social.


Os primeiros estudos sobre grupos sociais foram realizados no final do século XIX pelo psicólogo e cientista social Gustav Le Bon (1841-1931), autor do livro Psicologia das Massas (1895). Após a leitura de Le Bon e alguns outros teóricos do assunto, pude constatar que o comportamento do indivíduo inserido no grupo é conduzido por uma força alienante e violenta, o desamparo existencial e a cultura do consumo contribuem para o equívoco em relação aos valores do indivíduo, a cultura manipula fantasias, age no imaginário popular e faz com que o indivíduo aceite a superficialidade do “espetáculo” e esqueça aquilo que é essencial na vida, o mercado utiliza a mídia para confundir o psiquismo do indivíduo e valorizar o que é efêmero.
Conforme Le Bon, quando uma pessoa está inserida em um grupo, apresenta características que não possui: PODER INVENCÍVEL, CONTÁGIO e SUGESTÃO. O indivíduo passa a ser influenciado por uma alma coletiva, como se estivesse em um estado hipnótico, perdendo suas próprias características e apresentando qualidades medíocres regidas pelo desejo inconsciente.
É fácil observar isso nas saídas dos jogos de futebol, quando as torcidas organizadas entram em confronto e passam a agir de maneira irracional.



Ao ler o livro “O assassinato de Cristo”, de Wilhelm Reich, pude lembrar das observações de Le Bon e de como seu entendimento vem contribuir para as reflexões do livro.
Compartilho com vocês as ideias que o texto me inspirou e tento mostrar aqui a relação das observações de Reich com o conhecimento atual da psicologia social.
O livro fala sobre a nossa incapacidade de nos entregarmos ao amor, de como temos medo da liberdade e fugimos ou afastamos aquilo que realmente queremos. Dificilmente conseguimos ser fiéis aos nossos desejos, ficamos dando voltas, sobrevoando nossos medos e revivendo a repressão que sofremos ao longo da vida. Procuramos algo que nos liberte, mas quando encontramos, matamos a possibilidade da conquista. Preferimos viver vidas vazias em vez de nos aventurarmos ao desconhecido.
Uma questão me veio à mente ao ler o livro: de acordo com a história cristã, Pôncio Pilatos deixou a critério do povo a decisão sobre matar ou salvar Jesus. E o que o povo fez? Matou o salvador e salvou o ladrão, Barrabás. Transformaram a verdade em crime e o crime em verdade.
Será que isso tem alguma relação com a maneira que escolhemos nossos governantes na atualidade?
Já não está na hora de condenarmos os ladrões e salvarmos o amor e verdade?
De acordo com a história, o povo foi covarde ao eleger um representante inocente para morrer pelos seus pecados. Mataram num dia para glorificá-lo no outro. Essa é a doença emocional de que Reich tanto fala: matamos Cristo porque suas virtudes eram “agressivas” demais em contraste com nossos defeitos. Não suportamos ver o quanto a vida de Jesus era natural, potente e livre. Esse poder denuncia nossa mesquinhez, nossas fraquezas e mazelas espirituais e morais. Criamos leis para viver, mas matamos o amor a todo momento. Nos identificamos com o criminoso e assassinamos aquele que poderia nos salvar.


Quando o homem se aproxima da verdade e está prestes a descobrir a chave da prisão social do condicionamento neurótico, ele se enche de angústia e recua diante da possibilidade de ser livre e sentir prazer.
O mundo está cheio de almas vazias procurando preencher seus abismos com sensações fortes, mas artificiais e superficiais. A humanidade nunca quis encontrar um salvador. Ela prefere viver na expectativa da busca, da ausência, da falta, para poder ter algo a reclamar. Se o salvador aparece, a humanidade o mata ou o chama de louco, para que o lugar permaneça vazio e a chama da carência continue acesa. A multidão está adormecida e não quer acordar. Prefere viver na passividade do sonho do que lutar na realidade.
Como o povo de Israel e nós mesmos, enquanto continuidade do povo ocidental, fomos estacionar nesse deserto do imobilismo?
A resposta é: através de toda a repressão que sofremos desde o nascimento, aliás, desde a gestação ou da fecundação, considerando a intensidade do amor investido neste ato. A repressão congelou a nossa capacidade de amar e de receber amor. Nos afastamos da natureza externa e interna. Aprendemos a rejeitar o prazer e nos contentamos com as sobras. Vivemos na busca de uma felicidade idealizada, mas não queremos, de fato, conhecer o caminho que nos leva até ela.
Nossas ações costumam ser contrárias àquilo que desejamos: se queremos a paz, criamos o mais fantástico arsenal bélico com a ilusão de que iremos garantir a paz, se queremos a saúde, adotamos meios doentios de viver, de nos alimentarmos. Criamos um ambiente de conflito e competição onde deveria existir cooperação, perdemos a capacidade de enxergar o outro, nos consideramos solidários, mas sentimos raiva quando a miséria bate na janela do carro pedindo um trocado.
Queremos ser aceitos no reino de Deus, mas não queremos adotar a conduta praticada no reino do céu. Querer ser salvo parece ser suficiente para fingir nossas virtudes. Como poderíamos compreender um reino sem a necessidade de um rei autoritário ou um cavaleiro em um lindo cavalo branco segurando sua espada ensanguentada?
“Haverá os que dirão que Cristo mereceu ser crucificado”, afinal, quem mandou querer encher a vida de amor, mostrar o quanto se pode ser livre quando se segue o caminho da virtude? Quem mandou querer salvar a humanidade de seus pecados? O homem só queria continuar vivendo afundado na lama e Jesus foi um rebelde contra o sistema sujo, de homens mascarados.
O homem só aceita a verdade após esta ter sido deformada e diluída. Sendo assim, não se trata mais da verdade. Procuramos respostas complexas porque não queremos enxergar os detalhes na simplicidade. Aquilo que é simples parece não merecer valor e é ignorado. Jogamos no lixo nossa possibilidade de salvação quando proclamamos a verdade, mas não vivemos a verdade.
O pensamento irracional do assassinato de Cristo é: já que nunca poderei ser como ele, então é melhor que ele não exista.
Aproximando o pensamento à alegoria da caverna, de Platão, o homem moderno procura viver uma imagem refletida no espelho e não na vida real. O reflexo da imagem limita a consciência do homem e permite que ele viva somente dentro do limite da moldura, preso às suas crenças e congelado em suas emoções.
O homem ocidental elegeu Cristo a um messias, lhe atribuiu o papel de líder religioso, implorou por milagres, se encheu de esperanças por ter um representante que preenchia seu vazio, mas o próprio homem o matou crucificado.
Estamos matando Cristo até hoje sempre que negamos uma vida natural às crianças, quando nos esquivamos do prazer, enganamos o próximo ou fugimos do amor. Temos a necessidade de nos encher de esperança para que possamos ficar apenas na espera, sem procurar uma transformação pessoal, sem perceber a importância da energia contida no amor.
Sem amor seremos sempre prisioneiros de um modo artificial e doentio de se viver. Seremos escravos em pleno século XXI. Para que possamos ver Cristo de frente, devemos aprender a enxergar a nós mesmos. Após esta visão poderemos reconhecer Cristo e Deus em nossos corpos. Quando aprendermos a acessar essa energia, esse oceano de poder, deixaremos de temer a nossa própria força.
Essa é a angústia do homem, o medo da liberdade diante do poder de decidir o próprio futuro, de fazer as próprias escolhas. Diante disso procuramos um representante, um salvador que possa aliviar nossa dor e nossa responsabilidade. Transferimos nosso poder para algo que está além de nós. Preferimos acreditar numa intervenção externa do que manifestarmos o poder em nós mesmos. Pedimos por bênçãos quando poderíamos mudar nossas ações e termos uma vida mais harmoniosa.
Cristo foi um professor que tentou ensinar o caminho do amor, mas o povo queria mais que isso e normalmente é isso o que fazemos quando precisamos realizar algo que nos parece difícil, ou deixamos de lado ou pedimos alguém para fazer por nós e com isso nos afastamos do conhecimento e esse conhecimento poderia nos aproximar da verdade, que é uma função natural da vida. A verdade está em nós e deve ser manifestada assim como a energia. Trata-se de uma arma que favorece o contato com as emoções.
A verdade é movimento, amor, sinceridade, respeito, honestidade, aceitação, troca, emoção, energia e saúde, sendo assim, adoecemos quando nos afastamos da verdade. A verdade é o único caminho viável. Fora dela só pode haver peste emocional e servidão humana. Sem a verdade transformamos o amor vivo em crença morta e esperamos ressuscitar a salvação da nossa miséria. Sem a verdade limitamos nossa liberdade e dificultamos nosso autoconhecimento. Com a verdade podemos aquecer nossas emoções congeladas e encontrar o fluxo da vida saudável.
Precisamos “desprogramar” nossa mente equivocada, abandonar os dogmas que nos impedem de ir além, de enxergar o óbvio e perceber o quanto a vida é rica, o quanto somos potentes e não precisamos de heróis para nos salvar. A natureza da vida humana é perfeita e funciona de maneira harmônica, basta que nos entreguemos ao fluxo energético da vida, que possamos sentir nossos órgãos quando respiramos, que possamos alimentar nossas células de maneira consciente, sentindo nosso desejo de maneira pura, assim como Cristo fez.
Viver sua sexualidade sem repressão, te torna uma pessoa mais satisfeita e feliz. Se você se satisfaz sexualmente, não alimentará fantasias pornográficas porque poderá viver os seus desejos sem culpa ou constrangimento e saberá que a satisfação será ainda maior quando houver amor envolvido.
Praticaremos o assassinato de Cristo sempre que negarmos o amor em nossas relações. Precisamos estar atentos para não cairmos em erros do passado. Devemos procurar novas respostas para questões antigas, ou aprender a fazer perguntas mais inteligentes e sinceras. Temos a tendência a evitar o essencial e a nos apegarmos ao supérfluo, procrastinando sempre a correção de nossas ações.
O caminho da virtude pode parecer solitário porque aquele que se aproxima da verdade, certamente não será ouvido pela multidão adormecida, mas aquele que fugir da verdade e apresentar maneiras artificiais de viver, provavelmente será aplaudido porque a estrutura do homem encouraçado tem como regra a fuga do contato pleno com os seres e as situações reais. O medo da potência do homem assusta os fracos e re
oprimidos.
De uma maneira geral, podemos observar que o homem se sente fraco e submisso devido a constante frustração de sua potência ao longo da vida. A repressão à toda manifestação de vida na criança, no adolescente e no adulto jovem, cria um homem dependente e inseguro, que sempre viverá à espera de um salvador. Na confusão de sua vida imóvel, não saberá identificar o verdadeiro líder de um ditador. Quando perceber que fez escolhas erradas, sentirá raiva do ditador e da vida, mas dificilmente reconhecerá que a responsabilidade pelas escolhas sempre foi sua.
Em relação a capacidade de sentir, o homem moderno, em sua maioria, substituiu o prazer genital pela atividade cerebral, desenvolvendo formas obsessivas de viver. Racionaliza a vida, não pode chorar e não permite a expressão de seu sorriso espontâneo. Como diz Reich, “amam com seus cérebros e odeiam com seus genitais”. O sexo natural e saudável se transforma em sadismo e pornografia.
Afinal, o que sobrou dos grandes ensinamentos sobre a emancipação humana?
Queremos esconder aquilo que sentimos quando, na verdade, o sentimento deveria ser a única forma de expressão. Em vez disso expressamos uma mentira e vivemos na ilusão de encontrar verdades. Fugimos tanto do contato com a verdade que acabamos acreditando que a mentira nos libertará.
Olhe nos olhos do seu próximo e verá que o que vocês querem é a mesma coisa: evitar a dor e alcançar o prazer. E dentro do prazer está inserido tudo o que é bom para o organismo, desde o acolhimento dos pais, passando por todas as realizações da vida, até o clímax do orgasmo genital. A frustração do prazer impede a prosperidade e o sucesso. Isso parece ter se tornado comum diante de tanta insatisfação na sociedade.
Mas onde encontrar a saída dessa prisão?
A Constituição, inalterada há quase 30 anos, nos garante muitos direitos. Palavras perdidas num mundo globalizado demais. Queremos entender a política e a economia de outros países, mas não entendemos nada sobre a nossa própria dinâmica familiar, sobre nossos direitos e deveres como cidadãos. A saída parece estar na compreensão de nossas frustrações, limitações e desejos, alcançar o desbloqueio da vida livre que deveria pulsar dentro de nós, viver o amor em sua plenitude em todas as esferas da vida, seguir a verdade que se expressa em nossos corpos de acordo com a bioenergia em todo o organismo.
Todos procuram a felicidade, o prazer, o reconhecimento e o convívio com aqueles que compreendem as leis básicas da vida. Que possamos partir desses princípios sem nos desviarmos do objetivo. Se desejamos amor, temos de caminhar amorosamente, sempre criando espaço para isso, transformando nossas pesadas couraças.
Percebendo as superficialidades frias dos círculos sociais atuais, podemos buscar emoções vivas junto daqueles que também buscam o calor do contato humano sem amarras ou limitações que nos congelam na primeira “norma” social vigente.
O superficial esconde a profundidade da alma e inibe o desenvolvimento do potencial humano. O ego tão valorizado em nossa cultura, é um receptáculo de fraquezas ou de valores deturpados. Esquecemos o essencial da vida e o superficial se torna a regra. Enfrentamos muitas dificuldades, mas o problema não é termos um problema, mas sim fugirmos da responsabilidade de resolver nossos próprios problemas.
Se escolhermos seguir o fluxo da vida assim como o homem Jesus fez, abandonando nossas distorções e ilusões, estaremos dando o primeiro passo em direção a liberdade e a transformação.
Grande abraço
Alexandre Salvador

sexta-feira, 4 de novembro de 2016

Aforismo Fenomenologico

G.E.I.FEN. - GRUPO DE ESTUDOS INTEGRADOS EM FENOMENOLOGIA


Husserl é um filósofo que integra o psicólogo e o matemático, de modo que a fenomenologia pode ser compreendida como a busca da "lógica interna da experiência concreta" e, a partir disso, seguir as "significações da vida" para reencontrar a "vida das significações". Há problematizações relativas tanto à gênese quanto à estrutura dos sentidos, com contribuições tanto à epistemologia quanto à ontologia em geral. 
---
Cristiano Cerezer

Por que os intelectuais odeiam o capitalismo?

Instituto Mises Brasil
Jesús Huerta de Soto, professor de economia da Universidade Rey Juan Carlos, em Madri, é o principal economista austríaco da Espanha. Autor, tradutor, editor e professor, ele também é um dos mais ativos embaixadores do capitalismo libertário ao redor do mundo. Ele é o autor de A Escola Austríaca: Mercado e Criatividade Empresarial, Socialismo, cálculo econômico e função empresarial e da monumental obra Moeda, Crédito Bancário e Ciclos Econômicos.
N. do T.: o artigo a seguir foi adaptado de um discurso improvisado feito pelo autor, daí o seu tom mais coloquial.


Por que os intelectuais sistematicamente odeiam o capitalismo?  Foi essa pergunta que Bertrand de Jouvenel (1903-1987) fez a si próprio em seu artigo Os intelectuais europeus e o capitalismo.
Esta postura, na realidade, sempre foi uma constante ao longo da história.  Desde a Grécia antiga, os intelectuais mais distintos — começando por Sócrates, passando por Platão e incluindo o próprio Aristóteles — viam com receio e desconfiança tudo o que envolvia atividades mercantis, empresariais, artesanais ou comerciais.
E, atualmente, não tenham nenhuma dúvida: desde atores e atrizes de cinema e televisão extremamente bem remunerados até intelectuais e escritores de renome mundial, que colocam seu labor criativo em obras literárias — todos são completamente contrários à economia de mercado e ao capitalismo.  Eles são contra o processo espontâneo e de interações voluntárias que ocorre de mercado.  Eles querem controlar o resultado destas interações.  Eles são socialistas.  Eles são de esquerda.  Por que é assim?
Vocês, futuros empreendedores, têm de entender isso e já irem se acostumando.  Amanhã, quando estiverem no mercado, gerenciando suas próprias empresas, vocês sentirão uma incompreensão diária e contínua, um genuíno desprezo dirigido a vocês por toda a chamada intelligentsia, a elite intelectual, aquele grupo de intelectuais que formam uma vanguarda.  Todos estarão contra vocês.
"Por que razão eles agem assim?", perguntou-se Bertrand de Jouvenel, que em seguida pôs-se a escrever um artigo explicando as razões pelas quais os intelectuais — no geral e salvo poucas e honrosas exceções — são sempre contrários ao processo de cooperação social que ocorre no mercado.
Eis as três razões básicas fornecidas por de Jouvenel.
Primeira, o desconhecimento.  Mais especificamente, o desconhecimento teórico de como funcionam os processos de mercado.  Como bem explicou Hayek, a ordem social empreendedorial é a mais complexa que existe no universo.  Qualquer pessoa que queira entender minimamente como funciona o processo de mercado deve se dedicar a várias horas de leituras diárias, e mesmo assim, do ponto de vista analítico, conseguirá entender apenas uma ínfima parte das leis que realmente governam os processos de interação espontânea que ocorrem no mercado.  Este trabalho deliberado de análise para se compreender como funciona o processo espontâneo de mercado — o qual só a teoria econômica pode proporcionar — desgraçadamente está completamente ausente da rotina da maior parte dos intelectuais.
Intelectuais normalmente são egocêntricos e tendem a se dar muita importância; eles genuinamente creem que são estudiosos profundos dos assuntos sociais.  Porém, a maioria é profundamente ignorante em relação a tudo o que diz respeito à ciência econômica.
A segunda razão, a soberba. Mais especificamente, a soberba do falso racionalista.  O intelectual genuinamente acredita que é mais culto e que sabe muito mais do que o resto de seus concidadãos, seja porque fez vários cursos universitários ou porque se vê como uma pessoa refinada que leu muitos livros ou porque participa de muitas conferências ou porque já recebeu alguns prêmios.  Em suma, ele se crê uma pessoa mais inteligente e muito mais preparada do que o restante da humanidade.  Por agirem assim, tendem a cair no pecado fatal da arrogância ou da soberba com muita facilidade.
Chegam, inclusive, ao ponto de pensar que sabem mais do que nós mesmos sobre o que devemos fazer e como devemos agir.  Creem genuinamente que estão legitimados a decidir o que temos de fazer.  Riem dos cidadãos de ideias mais simplórias e mais práticas.  É uma ofensa à sua fina sensibilidade assistir à televisão.  Abominam anúncios comerciais.  De alguma forma se escandalizam com a falta de cultura (na concepção deles) de toda a população.  E, de seus pedestais, se colocam a pontificar e a criticar tudo o que fazemos porque se creem moral e intelectualmente acima de tudo e todos. 
E, no entanto, como dito, eles sabem muito pouco sobre o mundo real.  E isso é um perigo.  Por trás de cada intelectual há um ditador em potencial.  Qualquer descuido da sociedade e tais pessoas cairão na tentação de se arrogarem a si próprias plenos poderes políticos para impor a toda a população seus peculiares pontos de vista, os quais eles, os intelectuais, consideram ser os melhores, os mais refinados e os mais cultos.
É justamente por causa desta ignorância, desta arrogância fatal de pensar que sabem mais do que nós todos, que são mais cultos e refinados, que não devemos estranhar o fato de que, por trás de cada grande ditador da história, por trás de cada Hitler e Stalin, sempre houve um corte de intelectuais aduladores que se apressaram e se esforçaram para lhes conferir base e legitimidade do ponto de vista ideológico, cultural e filosófico.
E a terceira e extremamente importante razão, o ressentimento e a inveja.  O intelectual é geralmente uma pessoa profundamente ressentida.  O intelectual se encontra em uma situação de mercado muito incômoda: na maior parte das circunstâncias, ele percebe que o valor de mercado que ele gera ao processo produtivo da economia é bastante pequeno.  Apenas pense nisso: você estudou durante vários anos, passou vários maus bocados, teve de fazer o grande sacrifício de emigrar para Paris, passou boa parte da sua vida pintando quadros aos quais poucas pessoas dão valor e ainda menos pessoas se dispõem a comprá-los.  Você se torna um ressentido.  Há algo de muito podre na sociedade capitalista quando as pessoas não valorizam como deve os seus esforços, os seus belos quadros, os seus profundos poemas, os seus refinados artigos e seus geniais romances. 
Mesmo aqueles intelectuais que conseguem obter sucesso e prestígio no mercado capitalista nunca estão satisfeitos com o que lhes pagam.  O raciocínio é sempre o mesmo: "Levando em conta tudo o que faço como intelectual, sobretudo levando em conta toda a miséria moral que me rodeia, meu trabalho e meu esforço não são devidamente reconhecidos e remunerados.  Não posso aceitar, como intelectual de prestígio que sou, que um ignorante, um parvo, um inculto empresário ganhe 10 ou 100 vezes mais do que eu simplesmente por estar vendendo qualquer coisa absurda, como carne bovina, sapatos ou barbeadores em um mercado voltado para satisfazer os desejos artificiais das massas incultas."
"Essa é uma sociedade injusta", prossegue o intelectual.  "A nós intelectuais não é pago o que valemos, ao passo que qualquer ignóbil que se dedica a produzir algo demandado pelas massas incultas ganha 100 ou 200 vezes mais do que eu".  Ressentimento e inveja.
Segundo Bertrand de Jouvenel,
O mundo dos negócios é, para o intelectual, um mundo de valores falsos, de motivações vis, de recompensas injustas e mal direcionadas . . . para ele, o prejuízo é resultado natural da dedicação a algo superior, algo que deve ser feito, ao passo que o lucro representa apenas uma submissão às opiniões das massas.
[...]
Enquanto o homem de negócios tem de dizer que "O cliente sempre tem razão", nenhum intelectual aceita este modo de pensar.
E prossegue de Jouvenel:
Dentre todos os bens que são vendidos em busca do lucro, quantos podemos definir resolutamente como sendo prejudiciais?  Por acaso não são muito mais numerosas as ideias prejudiciais que nós, intelectuais, defendemos e avançamos?
Conclusão
Somos humanos, meus caros.  Se ao ressentimento e à inveja acrescentamos a soberba e a ignorância, não há por que estranhar que a corte de homens e mulheres do cinema, da televisão, da literatura e das universidades — considerando as possíveis exceções — sempre atue de maneira cega, obtusa e tendenciosa em relação ao processo empreendedorial de mercado, que seja profundamente anticapitalista e sempre se apresente como porta-voz do socialismo, do controle do modo de vida da população e da redistribuição de renda.






http://www.mises.org.br/Article.aspx?id=1487

quinta-feira, 3 de novembro de 2016

O Niilismo

Tentarei aqui expor sobre o Niilismo duma forma analítica e acadêmica usando como referencia o pensamento de Nietzsche, e evitar os conceitos Teleológicos tanto da Fé Cristã como da própria filosofia Moderna, que como verão, será motivo de crítica. Continuarei a escrever em forma de ensaio e esboço.

Faz uns oito anos que li o livro "1990, A Grande Depressão" do economista americano de família indiana 'Ravi Batra', que me apresentou a pratica e a subjetividade do pensamento e a interpretação da mentalidade da Índia sobre o mundo de uma forma original do que nós do ocidente pensamos da Índia. Ao contrario das culturas abraãmicas(cristãos, judeus e muçulmanos) que possuem uma visão escatológica da história, ou seja, a história tem uma finalidade e um sentido a se cumprir progressivamente na evolução, essa mentalidade indiana e junto das diversas religiões da cepa hindu, acreditam no ciclo da existência, no ciclo das sociedades de ascendência e decadência, ruína, ressurgimento e ascendência, reiniciando o ciclo eternamente. Acreditam que o ciclo das Eras são determinadas pelo Estado psíquico que cada casta produz ao relacionar-se com as outras. Por exemplo, existe a Era dos intelectuais, a casta dos Burocratas, que acabam que teologizando duma forma tal a sociedade que ela acaba por tentar se libertar dando proeminência de uma outra casta, a dos comerciantes.Esses por sua vez frugalizam tanto as relações que faz ascender uma reação das castas trabalhadores em busca de um significado estável e material e para o social. Mas devido a tendencia a instintos baixos de uma classe que não possui uma liderança forte, acaba que caindo num regime cada vez mais totalitarista, dando a vez a proeminência a casta dos militares que prometem ordem e segurança, mas sufocam a sociedade em suas pretensões individuais. Surge novamente a classe dos intelectuais a afrouxar as relações sociais e assim por diante. A Ascendência e decadência se mescla na História das Eras no grau de conflito e degeneração moral quando um consenso social perde seus laços e a discórdia toma conta. A Grosso modo, a a estrutura é mais ou menos assim. É claro que a filosofia indiana é riquíssima, sendo eles um dos pioneiros descobridores da metafísica e das maravilhas da matemática.


Uma Breve Recapitulação Histórica

Um dos filósofos que inserem a visão cíclica da história no Ocidente é Nietzsche. Em sua tese do Eterno Retorno, não somente faz um tratado cosmológico, mas profundamente ético sobre o comportamento da história da humanidade.

Na história havia os fortes que dominavam a Terra. Não havia espaço para os fracos nas exigências árduas de sobrevivência num mundo hostil. Os que nasciam com problemas transgênicos geralmente eram mortos, e na fase madura, os de vida doente e os mais frágeis acabam por perecer. Assim como todos os outros animais, a natureza selecionou os mais fortes como citava Darwin e sua tese de seleção do mais apto a sobreviver. Não havia piedade para aqueles que não pudessem dar alguma de si para proteger o clã, mas valia o sentimento de coragem, determinação e força que curvavam as forças hostil da natureza e de outros clãs inimigos. Assim se fez o homem Paleolítico e Neolítico, principalmente nas fazes sazonais da natureza em que faltavam alimentos.

Devido a vida em comunidade e a tradição disso resultante o homem aprendeu a usar instrumentos e transmitiu essa tecnologia aos ascendentes que iam a aperfeiçoando na história. A comunidade começou a dividir do trabalho em especialidades, surgindo uma proto-hierarquia de comando e leis para estabelecer essa ordem. O mundo foi avançando até o desbocar da civilização Suméria, a primeira sociedade civilizada que se tem notícia confirmada. Essa civilização detentora de uma tecnologia avançada, instiga a pensar a origem e o porque das coisas, fato que caminha junto das descobertas mais complexas como a descoberta da fundição e da cerveja e dos tecidos e especiarias que conservavam alimentos e perfumavam o ambiente. Cria deuses pensando serem esses os patrocinadores da realidade, já que não tinham outra explicação diante a assustadora realidade que se revelava a cada dia mais ao homem a sua razão em ascensão.

A sociedade cria as primeiras Escolas da razão, formando Sacerdotes que sabiam interpretar vários segmentos do que fora descoberto. Os Astrólogos que sabiam entender as estrelas e saber entender os ciclos do clima e do tempo e a vontade dos deuses. Os Matemáticos que entendiam da engenharia de se construir diques, palácios e contas de probabilidade. Havia médicos que estudavam as doenças e as infindáveis ervas na aplicação da cura do desiquilíbrio das doençasE havia os guerreiros treinados em técnicas e estratégias de Guerra bem como o conhecimento de armas de ultima geração.Como podemos notar, castas surgiram e assim se deu possível as primeiras civilizações de organização Superior diante do resto de reino animal que vivia ao gosto e humor do que a natureza selvagem poderia oferecer.

É a partir do início da civilização que Rousseau entende "A Origem da desigualdade entre os Homens", pois quem cavava buraco, acabava sentindo inveja de quem olhava pra Estrelas, trabalhava muito menos e era recompensado muito mais por isso. Esse filósofo vai influenciar toda uma geração de outros filósofos que reivindicam a Igualdade, a Liberdade e a Fraternidade entre a sociedade. É a partir desse ponto que acredito Nietzsche iniciar o discurso da origem do Niilismo moderno.


O Niilismo


Tudo começa com o fim do governo dos fortes. Esses que suavam virilidade e poder na caça, na sedução das mulheres que preferiam os mais fortes, na Guerra, submetia as cepas humanas mais fracas aos caprichos da sua Lei como a morte ou a servidão. Entre os governantes e elites havia aquele brilho de se viver, aquele orgulho de si mesmo e aquela vontade que se manifestava em grande expectativa com a vida, e sempre na radicalidade dos seus sentimentos de Amor e Ódio. Ao dominar e escravizar não demonstravam piedade, reservado a esses a tediosa vida da mesmice rotineira, dos pensamentos  pequenos e sem grandes sonhos para não ser consumido pelo ódio e o rancor.

Mas é da pequenez dos servos que se iniciam as conspirações e revoluções diante a opressão. Muitas insurreições de escravos aconteceram, a maioria sem sucesso, sempre esmagadas com brutalidade e crueldade. Segundo Nietzsche, foi desse desejo estéril de vingança contra o forte, que surge a criação de deuses vingadores e justiceiros. Rituais e oferendas feitas a eles para pagar o preço de sua liberdade e a saciação do seu rancor se tornou algo tão popular que uniu as massas de uma tal forma a poder fazer frente de uma forma sistemática ao forte. Muitos fortes então se tornaram fracos ao poder dos "Novos" Sacerdotes dos "Novos" deuses, e alianças começaram a fazer para controlar o povo e manipula-los contra outras nações inimigos, Tal aliança requereu concessões dos poderosos, onde a voz uníssona dos fracos personalizada nos Sacerdotes negociavam Leis que limitavam o agir dos fortes entre o povo, e a liberdade do povo em ascender na hierarquia de poder e dominar outros mais fracos. Grupos, clubes, corporações foram formadas e iniciando-se já uma linguagem não mais pautada no poder do mando, mas na diplomacia, na formalidade e no protocolo.

É essa a forma que a nossa sociedade é  formada, e que Nietzsche vai dizer ser o início do Niilismo gerado em relações microfísicas de poder durante a história da humanidade destruindo e anulando a força vital do homem em viver sua liberdade enquanto forte, sempre dominado por uma cultura medíocre criada e inventada historicamente por uma ardilosa conspirações invejosa, rancorosa e disfarçada num manto de Justiça e bondade. Ele acusa principalmente os Cristãos por arruinarem o Espírito poderoso e viril dos romanos diante duma cultura de escravos que viam num deus que só oferecia vida após a morte aos que renunciassem toda a vontade de viver nesse mundo.

Nietszche também diz que a filosofia Neo-Clássica é algo tão deprimente quanto o cristianismo, pois além de defender as mesmas ideias igualitaristas e democráticas, nivelando a cultura social pela maioria que é absurdamente grosseira, estúpida e vulgar, os Nobres valores que ainda sobreviviam apenas de forma pequena e em nível artístico, acaba que pervertida pelo que há de pior.  A sociedade posterior, o Iluminismo, é a negação completa da alma e da subjetividade humana, uma filosofia que nem sequer sabe que surgiu das sombras, mas acredita ser a Luz da humanidade, o ápice da ciência, o materialismo que reduz o homem apenas a viver o luxo que a técnica pode oferecer, viver apenas os gozos sensoriais de forma primitiva como que apenas sobreviver das migalhas e pensando isso ser a forma ideal de se viver. Viver das aparências do que os outros querem que você viva e vice versa, o que o Estado quer que você viva, perdendo assim tudo o que restou da genuinidade de ser. A loucura desse tipo de aberração ganha seu ponto máximo no surgimento do marxismo, onde todo e qualquer resquício de alma é morto, onde o homem é um ser massificado e robotizado a diretrizes tecnocratas que não levam a nada, senão apenas um Espírito de rebanho.

(Aliás, pensar em uma forma objetiva em resolver as angustias criadas pela sociedade Niilista é apenas uma forma de trocar um problema pelo outro, pois o método da pergunta é puramente pautada na razão moderna de ciência e ética. Nada responde aos verdadeiros anseios do espírito aprisionados na fria e insensível luz da Razão. É daí que surge todas as loucuras, neuroses e psicoses. É daí que surgem a fonte rica das seitas de auto-ajuda vindas da Índia em dizer que para parar de sofrer basta não mais estar frustrado, mas se anular meditando e nada mais sentir. É a partir daí que surgem seitas evangélicas cada vez mais agressivas e 'animistas' libertando toda a agressividade latente, transformando Deus num idiota Papai rico que realiza todas as vontades do filhinho mimado e fraco)

Filósofos contemporâneos descobriram as deficiências da filosofia e vida moderna que qualifica o homem ao materialismo consumista e vazio, mas ao certo, não sabem propor nada no seu lugar, por esses estarem ainda presos as velhas diretrizes do "Politicamente Correto". Eu entendo por partes dos filósofos contemporâneos em jogar o mundo no relativismo, no pessimismo existencial, como Sarte por exemplo, é o que eles tentam dizer em recobrar a lucidez, que a vida não há sentido nesse teor racional Escatológico e niilista da tradição da modernidade.

O relativismo contemporâneo tem sim causado muita confusão social. A humanidade em geral em sua leiguice se perde em perder seu referencial. Se entende que não há mais valor nenhum e tudo vira caos. É o Niilismo propriamente dito e a decadência da sociedade. O relativismo é tido como razão, e hoje ninguém mais sabe se é homem ou mulher, bandido ou gente honesta. As autoridades estão totalmente a mercê do banditismo, protegidos por Leis "humanistas/racionalistas" se tornam mais eficazes quando o relativismo paradoxalmente afirma que bandido na verdade é um cara legal, levando o Poder constituído a um verdadeiro "Bondadismo" Niilista. Ninguém mais sabe agir com autoridade pois está preso ao que o mundo vai pensar, pois tudo é massificado a um espírito de rebanho. Entretanto, não há quem consultar porque ninguém sabe ao certo o que fazer atormentado por sua própria loucura. (Essa insegurança e caos em todos os níveis sociais é o que leva muitas vezes a um Estado Totalitarista que o mundo já experimentou)

O que Nietzsche falou então, entrando em sincronia com as Eras Vedantas, é que haverá uma decadência tal onde a sociedade se auto-consumirá com o tempo, e destruindo toda sua cultura consigo. Das cinzas, num tempo muito a frente, então uma nova sociedade surgirá, valendo a Lei do Forte, iniciando-se o ciclo novamente.

(O Pensamento de Nietzsche em sua crueza e força, geralmente é mal interpretado por mentes condicionadas na mesmice protocolar da nossa sociedade. Essas mesmas mentes acreditam que Nietzsche foi o precursor do nazismo. Não acredito nisso, apesar dos teóricos Esotéricos do Nazismo terem o o utilizado, graças a sua irmã, a filosofia dele, a aderir na filosofia Nazi sobre o destino de um povo, a Raça Ariana, a mais pura e forte, a dominar e destruir os fracos que contaminam a vida.

Nada mais contraditório ao que Nietzsche pensava e sentia. O Terceiro III por si só adorava o Clássico e o Neo-Clássico, que para Nietzsche, já era o declínio da filosofia aos primeiros sinais do Niilismo, sendo Sócrates e Platão, figuras enfadonhas da Democracia e Razão Ateniense, insuportáveis e dignos de pena do decadente e sem vida filosofia do Helenismo. )






quarta-feira, 2 de novembro de 2016

Pensamento do dia

"A maior doença do nosso tempo são as noções inquietantes e vãs dos leigos.
Esta doença pode ser curada apenas por Cristo , com a ajuda da mansidão espiritual.
No entanto, [ para que haja cura ] é necessário que a pessoa se arrependa e busque Cristo"


São Paisios da Montanha Santa.

Aristóteles

Meus textos sempre tiveram um teor de ensaios sem se aprofundar na forma científica, apesar da profundidade que proponho mostrar, porque acredito assim ser uma forma mais fluida de eu poder tentar falar o que sinto. Usar duma metodologia requer muito esforço e pesquisa o que às vezes saca a impetuosidade do Espírito que concebe uma ideia espontaneamente junto daquela alegria da descoberta. Assim será sobre Aristóteles, que não pretendo qualificar,classificar e relatar como se tem feito exaustivamente e de forma muito competente e séria por pesquisadores da filosofia. Prefiro ao meu modo, como sempre tenho feito desde que iniciei esse blog, relatar o significado da sua Ontologia da forma como entendo.

Aristóteles pertence a tradição filosófica surgida no que chamam seus estudiosos de o "milagre grego", que como já mencionei no meu texto A Filosofia, evolui um patamar Cósmico na auto-consciência.

A historiografia da filosofia relata que Aristóteles saiu "magoado" da academia de Platão por questões internas referentes a liderança, mas às vezes penso se isso seria realmente o motivo. O pensamento de Aristóteles se guinava cada vez mais a um Naturalismo e a um pragmatismo científico, que originaria um pensamento nunca antes visto na raça humana desde então, a epistemologia, diferia da proposta Mística, abstrata e excessivamente racionalista, deixando muitas vezes os dados da experiência um em segundo plano ou até menosprezada na descoberta da verdade.

O pensamento desse Mestre , em relação a ciência de outros povos de ciência avançada como Mesopotâmicos e Egípcios, apesar de considera-los bárbaros, possuía a vantagem de interpretar o mundo de uma forma analítica, sem  considerar as forças mágicas, divinas ou qualquer outro tipo de ocultismo(visão correta e aceita na época como verdade) serem os únicos postulados que explicassem e definissem o Ser.

A definição do Ser realmente se tornou uma obsessão para Aristóteles.Em comparação com a doutrina de outras culturas que se dogmatizavam em ritos e caprichos divinos sobre como as coisas são como são, as de Platão se afundava em relativismos e abstrações, jogando com sua feroz e magnífica filosofia a uma incerteza de tudo todos.

Aristóteles, acredito, talvez nunca de fato tenha deixado de pensar se deuses existissem ou não, ou se o Misticismo de Platão, de fato pertinente em sentido metafísico, Sua intenção era construir um sistema que construísse uma segurança do que seja a realidade, estabelecendo platôs em níveis de conhecimento testados por um rígido método de observação e investigação. Cria um método de pensamento lógico, estabelecendo regras de um pensamento correto e verdadeiro com o intuito de fundamentar a formação de um "conhecimento" seguro sobre as coisas. Aristóteles nunca negou a incerteza ontológica do Ser, como os filósofos de seu tempo o ensinaram, deixando isso bem claro em sua Aporética transcendental.

  Seus Ensinamntos:

Na epistemologia, descreveu o acontecimento das coisas naturais como relação casual e acidental. Na casualidade, porém, existem Leis imutáveis que a partir dessas leis as coisas acontecem. Por exemplo a Lei do Movimento gerado cósmicamente por um Motor Imóvel, uma noção primitiva da Lei da Gravidade, ao dizer que tudo que existe no solo, se atirado pra cima, cai de volta. Ou porque as nuvens do céu não caem porque há uma lei que as coisas tem o seu lugar, nesse caso, o céu. Tudo possue uma finalidade, que de forma causal e acidental, se montam, se orquestram ontologicamente o sentido e as engrenagens de tudo o que acontece.

A observação e a descoberta das leis da natureza entretanto não é tão simples. A finalidade das coisas nem sempre é clara, e cabe ao filósofo descobrir suas relações através do método que propôs. Nesse sentido, vai se construindo o sentido do mundo, testado e retestado a ponto de se acreditar se aquilo é real ou não, e a partir disso se cria os conceitos ontológicos do Ser. Os conceitos stão possuem grande peso em fundamentos, mas o seu método permite o infinito questionamento dos conceitos criados, pois através de uma nova descoberta, um novo prisma, uma nova ideia, um conceito pode cair. É esse o ponto que eu quero chegar enfim, pois apesar do método aristotélico permitir um acirrado combate de ideais, os conceitos antigos valeram como verdade até o ultimo momento de ser derrubado por um outro conceito devidamente sério. A razão disso é " A segurança Epistemológica".

É interessante contemplar a maravilha desse filósofo que com sua filosofia muitos séculos a seu tempo, participou sob o patrocínio do Seu Rei, Alexandre o Grande,  da genuína campanha de ciência ao catalogar a classificar a rica flora e fauna do Mar Egeu, buscar entender as causas naturais das cheias do Nilo enviando missões de investigadores ao Egito. E na Medicina catalogou,  registrou a anatomia, fisiologia e patologia e seus devidos tratamentos.

A Ética

Nesse campo da Ética, meditou sobre a natureza do Direito e das Leis usando como fonte a essência da humanidade da filosofia grega. A justiça, o bem, o equilíbro e a decência como o mínimo para uma civilização se sustentar sobre o preceito da dignidade e Amor entre os cidadãos. Infelizmente a plenitude de sua ética não alcançou os escravos, algo devido a questões puramente econômicas no qual expliquei no meu texto desse Blog "Porque Houve Escravidão no Mundo".